quarta-feira, 17 de novembro de 2010

PAULO FREIRE.

 Paulo Freire nasceu em 1921, na cidade de Recife-PE, em uma família de classe média. Inicialmente ele foi estudante de Direito, mesmo conservando seu interesse pela filosofia e a psicologia. Filosoficamente, se inspirou na fenomenologia, no existencialismo, no personalismo católico e no marxismo humanista. Em 1962, Paulo Freire fundou o Serviço de Extensão Cultural (SEC), no seio da então Universidade de Recife. Em 1963-64 coordenou o Programa Nacional de Alfabetização do Ministério da Educação e Cultura, utilizando o "método Paulo Freire". Em 1964, um golpe de estado militar obriga Paulo Freire a se exilar no Chile, tempo em que aperfeiçoou seu método de "conscientização", que se torna o método oficial do governo democrático cristão do Chile. Ele participa também de várias iniciativas cujo objetivo é a "aplicação da conscientização como instrumento libertador no processo de educação e de transformação social" em diferentes países europeus e africanos. O Instituto Paulo Freire é criado em São Paulo em 1991 com a finalidade de ser um lugar de debate para os profissionais da educação. Faleceu em maio de 1997.
Paulo Freire é considerado um dos maiores educadores da atualidade e mundialmente respeitado pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. É autor de inúmeras obras, entre elas:  Educação como prática da liberdade (1967),  Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné-Bissau (1975),  Pedagogia da esperança (1992),  À sombra desta mangueira (1995).
Conhecido principalmente pelo método de alfabetização de adultos que leva seu nome, ele desenvolveu um pensamento pedagógico assumidamente político. Para Freire, o objetivo maior da educação é conscientizar o aluno. Isso significa, em relação às parcelas desfavorecidas da sociedade, levá-las a entender sua situação de oprimidas e agir em favor da própria libertação. O principal livro de Freire se intitula justamente Pedagogia do Oprimido e os conceitos nele contidos baseiam boa parte do conjunto de sua obra.
Ao propor uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos, Freire condenava o ensino oferecido pela ampla maioria das escolas (isto é, as "escolas burguesas"), que ele qualificou de educação bancária. Nela, segundo Freire, o professor age como quem deposita conhecimento num aluno apenas receptivo, dócil. Em outras palavras, o saber é visto como uma doação dos que se julgam seus detentores. Trata-se, para Freire, de uma escola alienante, mas não menos ideologizada do que a que ele propunha para despertar a consciência dos oprimidos. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade, o espírito investigador, a criatividade", escreveu o educador. Ele dizia que, enquanto a escola conservadora procura acomodar os alunos ao mundo existente, a educação que defendia tinha a intenção de inquietá-los.
Para Paulo Freire educar é um ato político, pois se assume um compromisso com o outro, para que este possa ser sujeito da sua história e do seu processo de aprendizagem. Segundo ele é impossível pensar em educação sem afirmar que: “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”.
A metodologia que ele utilizou durante toda a sua vida foi o método dialógico, o qual não é apenas um método ou uma teoria pedagógica, mas uma práxis que tem como objetivo libertar a opressão atuante na nossa sociedade.
 Para ele é impossível qualquer ação humana sem comunicação dialógica, sendo que essa comunicação tem que ser horizontal, posto que se trata de sujeitos sociais que compartilham a experiência de transformarem o mundo e se autotransformarem. O conteúdo do diálogo é justamente o conteúdo programático da educação
Para Paulo Freire a apreensão do conhecimento do objeto, é estabelecida fundamentalmente no ato de ensinar e de aprender, do qual o educando e educador fazem parte. Nessa perspectiva, aprender é uma descoberta criadora, com abertura ao risco e a aventura do ser, pois ensinando se aprende e aprendendo se ensina.
Na sua concepção o homem só começa a ser um sujeito social, quando estabelece contato com outros homens, com o mundo e com o contexto de realidade que os determina geográfica, histórica e culturalmente. O Homem é um ser autônomo, tridimensional ao tempo (passado, presente, futuro).
O educador é um profissional da pedagogia da política, da pedagogia da esperança, pois é ele quem necessita construir o conhecimento com seus alunos. Segundo Paulo Freire o educador deve ter como horizonte um projeto político de sociedade. Na sua perspectiva para ser educador é indispensável: rigorosidade metódica, pesquisa, respeito aos saberes do educando, criticidade, risco, reflexão crítica sobre a prática, pensar certo, liberdade e autoridade, humildade, e amorosidade pelo outro.
O educando é um dos eixos fundamentais de todo o trabalho. No entendimento de Paulo Freire o educando é o sujeito do seu conhecimento. Isto significa que o educando precisa se conscientizar de que ele é um agente transformador do mundo, capaz de refletir criticamente sobre seu papel nos processos sociais transcendendo essa concepção para a crença de que ele pode promover profundas transformações em si, e por conseqüência, no mundo em que vive.
Enfim, a concepção de educação de Paulo Freire, não pode ser percebida apenas como uma crítica à educação tradicional e autoritária, mas como uma ética pedagógica profundamente democrática. Afinal,  educar é libertar o ser humano da opressão reconhecendo e percebendo-o como um ser histórico e temporal, que faz sua própria história!

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